O município de Abadia de Goiás conquistou autonomia política no dia 27 de dezembro de 1995, desmembrado de Goiânia, Trindade, Guapó e Aragoiânia e foi instalado em 1997. A emancipação foi resultado da luta política dos moradores do Distrito de Abadia de Goiás, que venceram um plebiscito. O distrito foi criado pelo decreto n.º 666, no dia 6 de junho de 1990, subordinado ao município de Goiânia. Inicialmente, o nome escolhido foi Abadia dos Dourados, em homenagem ao Ribeirão Dourados, que é preservado, fica na região e tem vários recantos para os banhistas, mas prevaleceu o nome atual.
Abadia de Goiás tem localização estratégica e é beneficiada pela BR-060 e pela GO-469. A região começou a ser povoada por volta de 1840, com a chegada da família Alves, que trabalhava com agricultura e criação de gado e teve grande influência na região. A autoridade da região era passada de pai para filho – este administrava todos os bens deixados pelo pai. Mas foi apenas em 1956 que Paulino Inácio Rosa constrói a primeira casa do povoado. Mais tarde, o seu filho Inácio Rosa (conhecido como Badico), construiu o primeiro comércio e o primeiro loteamento.
A primeira festa foi realizada em 15 de agosto de 1960, às margens da Rodovia BR-060. Durante a festa, foram doadas terras e tomadas providências para a construção da igreja. A BR-060 foi construída junto com Brasília, ligando a Capital Federal ao estado de Mato Grosso do Sul e contribuiu com o crescimento do povoado, com novos loteamentos e investimentos. A igreja foi inaugurada, no dia 15 de agosto de 1963, com a chegada da imagem de Nossa Senhora da Abadia. A celebração em louvor à padroeira é uma tradição no município.
Em 1964, foi inaugurado o Clube do Badico, primeiro clube de eventos e festas no povoado, pelo líder político Inácio Rosa. Em 1968, começaram as movimentações para escolha de um de um representante político para o povoado. O escolhido foi Gorgônio Alves Forte, conhecido como Nego Forte, que foi vereador e representou o povoado por muitos anos. A energia elétrica chegou em 1976 e a primeira linha de ônibus, em 1982. No mesmo período, a comunidade conquistou posto de saúde, posto telefônico, posto policial, asfalto, escolas e água tratada.
Conforme relato do IBGE,“ em 29 de setembro de 1987, com o acidente Radiológico ocorrido em Goiânia (CÉSIO 137) deu-se a vinda dos rejeitos ao povoado de Abadia de Goiás, por imposição dos Governos Municipal e Estadual. Após a transferência, criou-se pelo Decreto 666 de 05 de junho de 1990, assinado pelo Prefeito de Goiânia Nion Albernaz o Distrito de Abadia de Goiás, e em seguida o processo de Emancipação Política do referido Distrito, que ficou suspenso até meados de 1995”. Os moradores aprovaram a emancipação política no plebiscito e a lei de criação do município foi sancionada no mesmo ano.
Seis mil toneladas de rejeitos do Césio-137 (acidente radiológico em Goiânia) foram armazenadas em Abadia de Goiás. Os rejeitos ficam a 1 km da região habitada da cidade, em dois depósitos, dentro do Parque Estadual Telma Ortegal.Foi o segundo maior acidente radioativo do mundo, quando dois homens desempregados abriram uma máquina de radioterapia abandonada e retiraram de lá uma pedra brilhante, que era do material radioativo. A pedra atiçou a curiosidade de várias pessoas. Quatro morreram na época e muitas outras sofrem com os efeitos da radioatividade.
Conforme reportagem de Humberto Carvalho, publicada no G1 Goiás, em 23/09/2012 “Para escolher Abadia de Goiás, os pesquisadores da CNEN realizaram uma série de testes para saber se a área era propícia a receber o depósito dos rejeitos do césio-137. O lençol freático da região foi um dos principais objetos de estudo. A equipe constatou que o solo não obtinha águas subterrâneas que abasteciam o município. As pesquisas também comprovaram que, se ali depositado, o césio não vazaria”. A área pertencia ao Estado, tinha sido uma pedreira e a estrutura geológica era favorável.
Em outra reportagem do G1 Goiás, publicada em 11/09/2017, como parte dos 30 anos do acidente, pelo jornalista Silvio Túlio, trouxe a informação sobre a existência de cuidados extremos em relação à segurança no local. “Além disso, especialistas ouvidos pelo G1 foram taxativos em afirmar que não há mais qualquer tipo de risco”, afirmou o jornalista.
O depósito definitivo, único depósito de lixo radioativo definitivo no Brasil, foi construído em 1997, mesmo ano em que foi inaugurado o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO), unidade da CNEN em Goiás. A missão é representar a CNEN na região Centro-Oeste do país, no que diz respeito às atividades decorrentes do acidente radioativo de Goiânia, bem como prestar esclarecimentos à população sobre o acidente e os usos benéficos da radiação nuclear, através do seu Centro de Informações.
O coordenado do Centro Regional de Ciências Nucleares, Walter Mendes Ferreira, afirma que é competência do CRCN-CO fornecer ao público em geral, especificamente aos estudantes, através de agendamento, palestras e informações sobre o acidente, aplicações e a importância da tecnologia nuclear. Ele informa que decorridos 35 anos após o acidente, os resultados apresentados, permitem afirmar que o depósito vem operando dentro da normalidade estabelecida, sem risco e impacto para o meio ambiente e o indivíduo do público.
Marcos históricos de Abadia de Goiás – GO
- BR-060:
Construída junto com Brasília, a rodovia federal BR-060 tem 1.329,3 km de extensão e interliga o Distrito Federal aos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul. Em Goiás, o trecho entre as cidades de Goiânia e Anápolis é sobreposto com a BR153. Foi um fator de desenvolvimento importante para o povoado que deu origem a Abadia de Goiás.
A rodovia BR-060 é classificada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) como rodovia radial, cuja função é interligar o Distrito Federal aos pontos mais extremos do País (DNIT, 2015). Por isso, conecta Brasília (DF) a Bela Vista (MS), na divisa com o Paraguai, no sentido nordeste-sudoeste.
Do ponto de vista da articulação dos fluxos no território nacional, a BR-060 e sua integração com a BR-364 contribuem para formação de um importante corredor de transporte no Centro-Oeste brasileiro. Trata-se do corredor Goiânia-Cuiabá, que concentra intenso tráfego de veículos leves e pesados, articulando centros produtores, mercados consumidores e interesses políticos e econômicos.
Treze cidades foram elevadas à categoria de município após a fundação de Brasília e entre elas está Abadia de Goiás.
(Fontes: A RODOVIA BR-060 NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO: DINÂMICA TERRITORIAL E LEGENDAS ESPACIAIS, publicada em 2016, por pesquisadores da UERJ).
- Parque Estadual Telma Ortegal:
Outro fato importante foi a escolha de Abadia de Goiás para instalação definitiva do depósito dos rejeitos do acidente com o Césio 137, com a criação do Parque Estadual Telma Ortegal, com área de 165,9629 hectares, por meio de um projeto técnico de plantio compensatório.
Administrado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o parque tem o objetivo de proporcionar a toda a comunidade o conhecimento sobre a segurança do local que abriga o depósito dos rejeitos de corrente do acidente radioativo do Césio-137 e conhecimento sobre a energia nuclear, suas aplicações, riscos e benefícios, além de desenvolver projetos educacionais, recreativos e científicos voltados às ações ambientais.
Foi institucionalizado pela Lei n.º 12.789, de 26 de dezembro de 1995, e declarado Unidade de Preservação Ambiental pelo Governo do Estado de Goiás. A criação do parque visou cumprir uma das Condições de Validade da Licença Prévia n.º 034 de 20/12/94, por exigência do EIA/RIMA do depósito definitivo dos rejeitos radioativos oriundos do acidente radiológico com Césio-137, ocorrido em Goiânia – GO.
Endereço: BR 060, Km 174,5, a 2,3 Km da sede do município de Abadia de Goiás.
Contatos: Superintendência de Unidades de Conservação e Regularização
Ambiental: (62) 3201-5295
Gerência de Criação e Manejo de Unidades de Conservação: (62) 3265-1381
Fonte: Inventário da Oferta Turística de Abadia de Goiás – GO (2023)
